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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

OLHOS FAMINTOS

Uma pequena pausa para registrar um dos momentos mais tensos da vida de um homem tradicional.

Um dos maiores desafios do meu namoro com minha digníssima namorada seria enfrentar o pai dela sem dúvida alguma. Isso devido ao índice de nenhuma aprovação relacionada a ela, a fama de durão, nordestino, bravo, decidido e amoroso demais. Isso tudo foi crescendo crescendo e criando uma espécie de medo do não, porque uma vez não, a coisa não ia ficar bonita. Eu mesmo preferia nem pensar sobre, afinal, queria sim um sim e lutei pra isso, com boa imagem, conquistando o restante da família e provando dia após dia o tamanho do meu amor por Leninha.

Chegou o primeiro dos dias, ela contou. Nisso a reação não foi tanto a esperada, ele reagiu friamente, somente ouvindo e quando resolveu perguntar, perguntas objetivas e bem direcionadas, mas a resposta de uma não o agradou: Qual a igreja dele? Ele não gostou de saber que estava envolvido com o grupo de louvor, ou seja, ia ser mais complicado ir pra igreja dela, onde toda a família (quase) está. E disse ser uma objeção. Uma semana se passou praticamente na tensão e criando muitos diálogos em minha mente para as possiveis perguntas que pudessem surgir do temido.

Chegou então o dia de enfrentá-lo. Saí com Eudilene mais cedo, conheci vovó e titia e marquei de ir mais tarde vê-lo e conversar. Leninha ja manda uma mensagem dizendo que está do meu lado seja o que for.(Animador e romantico). Cheguei exatamente às 17:00 que foi quando a mãe dela disse ser melhor. Então, estando lá às 17, mando mensagem avisando que cheguei. E subi. A subida nunca me pareceu tão íngreme, a distância nunca pareceu tão longe, Eudilene nunca tinha me parecido tão linda. Ela me recebeu e eu tenso literalmente falando. Meus músculos rígidos e coração batendo tão alto que até nível na escala de Richter tava entrando. O que acabou com isso por enquanto foi a frase: Ele deu uma saída e já volta. Isso me aliviou por um tempinho. Eudilene entrou, sentei no sofá para conversar com o irmão dela. Ela saiu promentendo voltar rapido, antes do pai. Porém, era óbvio que não seria assim. Ronco de motocicleta atrás de mim no portão e a irmã entra com cara de surpresa pra mim. Logo atrás dela, o temido pai. Apertei sua mão com uma certa firmeza pra demonstrar segurança que nao sabia onde tava ou como demonstrar. Ele entrou e Eudilene entra correndo ao ver a moto e sorri nervosamente pra mim devolvendo o que tinha dado a ela. Então começa o diálgo muito parecido com esse:

Eudilene: Pai, esse é o Everton e ele quer conversar com o Senhor.

Pai: Tudo bem Everton(sentando), o que voce quer conversar comigo?

Eu: O seguinte senhor. Eu vim intencionado a comunicar o senhor que eu e sua filha estamos orando em prol de um compromisso que decidimos firmar, nas bases cristãs, com respeito, amor, valores e principalmente, com Deus na relação. Porém por ser um namoro cristão, não pode seguir em frente sem a benção do senhor. Por isso vim conversar contigo para obter sua benção sobre nosso relacionamento.

Pai: Assim. Voce sabe como é um namoro cristão né? Então. Aqui somos todos uma família muito ligada e não sei como voce conheceu Eudilene nem o que voce faz da vida.

Eudilene: Eu o conheci em um evento que fui com a Lorena.

Eu: Eu trabalho com informática.

Pai:Bom bom. Então. Qual sua igreja?

Eu: Sou da Batista da Graça no Centro. Sou ministro de louvor lá.

Pai: Aí está o ponto negativo. Afinal, voce sendo ministro lá digamos que será mais difícil acompanhar a Eudilene na dela, e como nossa família toda frequenta a mesma igreja, não estou intencionado a liberá-la para frequentar outra igreja de maneira nenhuma e assim, como é complicado para voce sair da sua acho que pode ser um empecilho. Além disso, somos muito ligados, não somente nisso, mas em várias situações também. Sou um pai muito amoroso e gosto bastante das minhas filhas e ela é especial pra mim bastante. Com isso quero enfatizar o valor que a família tem pra mim. Passamos coisas difíceis? Sim, mas vencemos porque estávamos juntos. Agora, eu sou um pai que quer sempre estar presente e gosto demais desse ambiente aqui, mesmo porque somos os únicos da família na cidade, o que nos une mais ainda. Com isso quero dizer que gosto muito dos meus momentos entre família. Voce acredita inclusive que tem gente que quando chega na casa da gente já vai pra cozinha? Nós tentando manter a pessoalidade do lar onde descansamos e as pessoas entram invandindo, a porta sim é a serventia da casa, daqui pra dentro, eu quem mando, o pior é quando eu quero descansar no meu sofá, vendo TV, dá 19:30 e as pessoas continuam aqui conversando e conversando e eu querendo aproveitar meu momento sozinho. O pior é ficar de agarração com minha filha dentro e fora de casa, porque pra mim, a mão é o limite aceitável pra um namoro evangélico. Ainda mais, jamais deixarei minha filha sair só. Se quiserem ir ao cinema, teatro ou algo assim, as irmãs têm que ir junto, porque assim evita algumas intimidades exageradas. E com hora pra voltar claro. Ou seja, respeito é tudo pra mim, voce sabendo respeitar-me, teremos uma boa convivência.

Eu: Sim, admiro os valores que o senhor ensinou à sua filha, admiro seu lar e família e jamais quero nem profaná-los nem mesmo destruí-los, apenas quero acrescentar tanto a eles quanto a mim. E respeito é a base da confiança, então pretendo sempre respeitar o senhor de forma que possamos sim ter uma boa convivência, porque sua filha pra mim foi um Presente de Deus, e Deus não faz a obra pela metade.

Pai: Porém, como eu disse, sou muito ligado a minha esposa, amo demais aquela pequena e não posso tomar uma decisão como eu gostar e ela dizer não. Então, voce a conhece?

Eu: Ahiuagaizaloute(onomatopeia para “Eu nao sei o que falar”)

Pai: Gorete, venha cá. Essa é minha baixinha que amo demais. São xx(insira os anos de casados) e sempre tomei todas as decisões juntamente com ela, jamais só, porque o casamento é feito de amor, e no amor, somos um só, então com isso, Gorete, o que voce acha?

Gorete(mãe): Já o vi na igreja. Olha, pelo que Eudilene disse é um rapaz muito bom, trabalhador, respeitador, de familia, mas que está em outra igreja. Eu acho que isso é um problema, mas se voces estão dispostos a começar um relacionamento com esse detalhe, então o risco é de voces. Eu aprovo.

Pai: Eu também. E espero que nos demos muito bem.

Eu: Com certeza.

Com um sorriso enorme nos lábios e com a tensão tomando meu corpo, me despedi de todos, e da Leninha. Fui tentando ir pra algum lugar, igreja ou casa ou sei lá. Mas com a cabeça nas nuvens porque sim, eu enfrentei o Dragão da entrevista com o sogro para ter caminho livre a minha recompensa. Minha rainha. Meu tesouro. Minha felicidade.

— Só foi cair a ficha tres dias depois —

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